ACASO...



Acaso o ocaso dos sentimentos 
Pode ser só queima,
Apagar os momentos
Quando a vida ainda pulsa e teima?


Acaso o ocaso dos amores 
Tem de ser só sofrimento,
Tingir de negro as cores, 
Conturbar a lógica do pensamento? 


Acaso o ocaso do dia
Tem que conter apenas páginas viradas, 
Decretar o horizonte à agonia
Quando afinal há em nós tantas moradas?

Acaso o ocaso de antigos rumos
Pode ser a tranca de novos desejos, 
Converter ninhos em túmulos
Quando no coração ainda há lugarejos? 

Nunca o amanhã é tarde.
Nunca um brado ou gemido é vão.
Jamais uma mudança é covarde
Nem é eterna a escuridão.

O ocaso do que já fomos
É só a morte de caminhos ermos...
Adubo de ávores de robustos frutos,
Gestação bendita do que ainda seremos. 




KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 26/09/2008
Reeditado em 15/07/2015
Código do texto: T1198291
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