A Penumbra da muda

E por que te escrevo?

Se não te lambo?

Se não enterro

Teu favo aceso em luz?

Não escrevo Deus,

Minhas mãos não são marcadas

Em linhas por quais apenas sandálias rachadas racham o chão

Em um mundo feito por pão

Só sobra sino ou suor?

Vidas secas apertam o nó,

E prendem em escravas brancas, ranhuras do institucional,

Viagem “extra-global”

Difícil de pagar.

O que me restará?

Para te escrever os guardanapos

Prendo tua face em cimentos molhados,

Teu corpo, o vento, a vida varrida,

Mas não enxergo os traços.

Não sou concreto.

E me perco em

Cartas chilenas, dor e tento

Sem tempo me enfrento

Para parafrasear a minhas falta de frase

Sem medir minhas cinturas

Pois meu século me trouxe vontades,

O Google, o Ecstasy,

A agonia de não poder ler espelhos.

LMB
Enviado por LMB em 26/09/2008
Código do texto: T1198154
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