A Penumbra da muda
E por que te escrevo?
Se não te lambo?
Se não enterro
Teu favo aceso em luz?
Não escrevo Deus,
Minhas mãos não são marcadas
Em linhas por quais apenas sandálias rachadas racham o chão
Em um mundo feito por pão
Só sobra sino ou suor?
Vidas secas apertam o nó,
E prendem em escravas brancas, ranhuras do institucional,
Viagem “extra-global”
Difícil de pagar.
O que me restará?
Para te escrever os guardanapos
Prendo tua face em cimentos molhados,
Teu corpo, o vento, a vida varrida,
Mas não enxergo os traços.
Não sou concreto.
E me perco em
Cartas chilenas, dor e tento
Sem tempo me enfrento
Para parafrasear a minhas falta de frase
Sem medir minhas cinturas
Pois meu século me trouxe vontades,
O Google, o Ecstasy,
A agonia de não poder ler espelhos.