Do amor, a raiva.

Do amor, a raiva

De todo o amor que tenho

Sinto raiva

Raiva não de tê-lo

Mas de ser aquele, a mim

Mais justo.

A solidão é conseqüência

Conseqüência de qualquer amor

que seja verdadeiro

Pois os amores correspondidos

São medíocres

E os amantes

São doentios.

Minha raiva faz pulsar

Se sinto a vida

É porque ela está na solidão

E todas as felicidades

Não me competem.

Os amantes não sentem

O sangue não corre

Não percebem a morte

que se aproxima.

A morte é conseqüência

Daquilo que faz pulsar

E se morro

Um pouco mais a cada dia

É porque ainda existe

Alguma vida.

Escolhi a taquicardia

Definhar lentamente

E é nos braços do vazio

que me embalo

E só não sou melhor por isso

Porque ainda busco

Em outros braços

Algum consolo

Se não seria plena

Plena incompletude

E enfim humana

Por isso.

Gabriella Mendes
Enviado por Gabriella Mendes em 26/09/2008
Reeditado em 26/09/2008
Código do texto: T1197110
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