NÁUFRAGOS
Pela face desce a lágrima.
Contida pela mão trêmula,
ainda segue abaixo,lânguida,
riscando a minha pele tépida.
Resulta de uma dor legítima
que fere a alma, feito lâmina,
no seu recôndito mais cândido.
Bárbara agonia, áspera dúvida...
Sentimento caótico, despótico,
que deixa o coração atônito.
O cúmplice inválido,
sangra letárgico
um último e súbito frêmito.
Pássaros-símbolos, amálgama-dádiva,
do amor eternamente súditos,
alma e coração, no ciúme,
somente náufragos...
Lina Meirelles
Rio, 25.09.08
PostScriptum
(A mente artífice,
só um apêndice, assiste cética...
E ao desvario lúgubre
contrapõe este poema-epílogo.)