FALA O DIABO - XVIII
Longos séculos de esplendores decaídos
Erguidos na escuridão de nossos corações,
Repousando sobre o verde das selvas
De tempos perdidos,
Sob velhos e rasgados pergaminhos.
Rumores de tempos sombrios.
Hordas pagãs marcham pelo continente
Iluminadas pelo brilho da lua.
Deixam atrás de si
Ruínas que parecem habitadas pela escuridão,
Formas constantes de sangue e dor.
Ira. Queda. Ódio. Medo.
O camponês viu sua morada arder em chamas.
Estarrecido, destroçado, observou sua esposa:
Membros cortados a golpes de espada.
Sua vila foi destruída, seu campo, devastado.
Tudo o que lhe resta é o choro desesperado,
Lágrimas que a noite despedaça.
Mesmo para o valoroso guerreiro,
O heroísmo não significa mais nada.
Seu sangue foi vertido, seus músculos, dilacerados.
O cajado, a lança e o machado
Tiveram seu poder arruinado.
Os escudos e as altas torres partiram-se ao meio.
Seus meus braços jazem prostrados.
Seu ser morre um pouco a cada dia
Na silenciosa ventura dos solitários.
Através das lições do abismo,
Ele percebe que a bravura, a coragem, a honra
Não mais têm relevo algum.
Ainda lhe sobra, entretanto,
O nobre sentimento de repulsa e indignação.
Cólera e desprezo em meio a tempestades.
Pois o caminho que escolheu é longo demais.
A estrada, demasiadamente acidentada.
Ainda lhe preserva a escuridão aterradora.