FALA O DIABO - XVI
Não faça isto, guria.
Não me encare com teus olhos azuis sedentos.
Não tente me seduzir com tua pele alva fresca.
Não me chame com teus lábios vermelhos ardentes.
Não se aproxime com teus pés delicados e passos leves.
Eu não quero lhe dar nada de mim.
Não aspiro ser a cura para tuas fraquezas.
Não procuro ser teu guia em tua jornada.
Não desejo ser tua companhia numa tarde ensolarada.
E não vou abraçar-te em noites frias.
Definitivamente não, guria.
Não neste dia, não deste modo.
Desejar-te-ia, sim, se pudesse tocar-te com força,
Se não fosses tão frágil e quebradiça.
Se viesses comigo e não buscasses nada em mim.
Mas tu não o conseguirias.
Tua crença no futuro impedir-te-ia de atirar-te no nada.
Não admitirias a falta de responsabilidades.
Não terias prazer em ser minha, mas não possuir-me.
Eu, a meu feito, amar-te-ia apenas se viesses a mim nua!