O EIXO
O EIXO
Neste mundo aportamos
sem mares, sem caravelas,
nada diz porque chegamos
a este beco de vielas.
E o caminho aí começa
sem manual de instrução
tudo é longe, haja pressa,
correm os pés e as mãos.
Numa aventura tão ampla
o corpo reclama a rede
e a alma, às vezes, descampa
solitária em sua sede.
Uns chegando outros partindo
sem saber como e por quê
e os degraus vamos subindo
pra onde não sei dizer.
E o segredo assim persiste
além do tempo e da hora
há quem nos campos insiste
e os que partem sem demora.
Cogitam tantos desfechos
dessa viagem sem par
só não decifram o eixo
que faz a roda girar.
Basilina Pereira