Desencontro

A gente se encontra, novamente
Em outra sintonia...
Quando os ventos, em círculos,
Prenderem nossas mãos e guiarem nossos passos...

A gente se vê, um dia, de relance...
Numa esquina qualquer... Você será as flores...
E meu perfume... Vai se perder no ar...
Vai perder-se entre outros tantos... Que não irá perceber que sentiu...

A gente se toca, um dia, de repente...
Numa escada qualquer que suba... Os sonhos que eu quis um dia...
E meu colo...  fechar-se-á, em muralha...
De hoje em diante... Não serei mais tua...

Entender que o recorte já era um limite...
Que tempo é o que eu menos tinha...
Envolver-me em verdade... Beber-me em realidade...
Já não se faz presente... Tampouco futuro...

Na vida, duas estradas... Ramificação desnecessária...
Um se faz o outro... E dizer-te isso, em fato... Cansaço!
Dos risos que sou tão dona... Nunca me deixam sair...
Nem choro... Nem mágoa... Apenas dignidade!

Uma explosão em cores vivas... Em vias pro coração...
Querer, em fôlego, perder-me... Da vida retirar o que é bom...
Em brisa, colher poesia... Em som, exatidão...
São sementes que para o cultivo... Merecem abrigo... Respiração!

Minha face... Soprou o vento gélido da demora...
Minhas vestes... Despidas em solo...
Minhas falas... Colhidas em conchas...
Minha mina... Afogada no silêncio... Imaginação!

No tropeço dos passos rápidos...
Um ombro a ombro será a desculpa pedida...
O olhar sem sossego... O procurar o rosto que tive um dia...
Em toque fino das mãos...

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