TEMPO DA VELHICE
O que a velhice nos reserva?
A casmurrice,
Tentando a reconstrução do passado
E a união das duas pontas da vida?
Ferirmo-nos
Quando o retrato projetado velho
For desvendado cópia do nosso espelho e ferida?
Vendermos a alma ao Diabo
Para guardar a juventude e a conquista de amores?
Aceitarmos a metamorfose,
Desfazermo-nos não só da agilidade do corpo
Mas também de nossos pertences e hábitos,
Vivendo sem identidade,
Um pouco na casa de cada filho?
Velhice chega rápido, dispara e se instala.
A memória anuncia falhas,
A pele se esgarça e resseca,
A boca perde o belo contorno,
Os cabelos se tingem de prata,
Os olhos enxergam mal,
A audição distorce palavras...
O fôlego fica menor,
As articulações doem,
O corpo perde seu tônus,
Às vezes também a estatura...
E de repente cá estamos,
Trocando a bela e fina estampa
Por triste e alquebrada figura.
Consolam-nos sobre a beleza da alma...
Mas esta não arranca ais, assovios, olhares cobiçosos
E nem alguém quer comprá-la.
Lembram-nos da adquirida sabedoria...
Mas esta tem pouca valia
Já que ninguém quer aproveitá-la.
Ah, a fugacidade do tempo
Misturando a fragilidade da vida
Ao sonho da imortalidade...
Ah, a velocidade dos dias
Ocultando serem estágios provisórios
Com começo, meio e fim...
Onde começa a velhice?
No rosto ou no coração?
Quais são as rugas que contam?
As dos olhos ou as da visão?
Quanto mais velhos
Mais etéreos.
Melhor aceitar-se um novo ser,
Mais evoluído, interessado e interessante,
Que se resignar ao arremedo...
O tempo é um fio que se encurta
Quanto mais longo é o mesmo tempo.
Vão-se os anéis,
Ficam os dedos,
Da vida a recontar os segredos...
13/09/2005 - São Paulo/SP
*Leiam também "Tempo da Infância"
http://recantodasletras.net/poesias/673909
O que a velhice nos reserva?
A casmurrice,
Tentando a reconstrução do passado
E a união das duas pontas da vida?
Ferirmo-nos
Quando o retrato projetado velho
For desvendado cópia do nosso espelho e ferida?
Vendermos a alma ao Diabo
Para guardar a juventude e a conquista de amores?
Aceitarmos a metamorfose,
Desfazermo-nos não só da agilidade do corpo
Mas também de nossos pertences e hábitos,
Vivendo sem identidade,
Um pouco na casa de cada filho?
Velhice chega rápido, dispara e se instala.
A memória anuncia falhas,
A pele se esgarça e resseca,
A boca perde o belo contorno,
Os cabelos se tingem de prata,
Os olhos enxergam mal,
A audição distorce palavras...
O fôlego fica menor,
As articulações doem,
O corpo perde seu tônus,
Às vezes também a estatura...
E de repente cá estamos,
Trocando a bela e fina estampa
Por triste e alquebrada figura.
Consolam-nos sobre a beleza da alma...
Mas esta não arranca ais, assovios, olhares cobiçosos
E nem alguém quer comprá-la.
Lembram-nos da adquirida sabedoria...
Mas esta tem pouca valia
Já que ninguém quer aproveitá-la.
Ah, a fugacidade do tempo
Misturando a fragilidade da vida
Ao sonho da imortalidade...
Ah, a velocidade dos dias
Ocultando serem estágios provisórios
Com começo, meio e fim...
Onde começa a velhice?
No rosto ou no coração?
Quais são as rugas que contam?
As dos olhos ou as da visão?
Quanto mais velhos
Mais etéreos.
Melhor aceitar-se um novo ser,
Mais evoluído, interessado e interessante,
Que se resignar ao arremedo...
O tempo é um fio que se encurta
Quanto mais longo é o mesmo tempo.
Vão-se os anéis,
Ficam os dedos,
Da vida a recontar os segredos...
13/09/2005 - São Paulo/SP
*Leiam também "Tempo da Infância"
http://recantodasletras.net/poesias/673909