CAMUFLAGEM

CAMUFLAGEM

Não sei se a dor chegou com a tarde

ou com o vento

que balançou as cortinas do tempo

e fez voar a poeira que parecia dormente,

camuflada entre os lapsos de silêncio.

Ou talvez ela tenha voltado pra espantar o limbo

que vivia a escoltar meus pensamentos

perdidos entre o resto de memória.

O tempo é traiçoeiro.

Se por um lado ele eterniza momentos

desafiando o muro dos séculos,

há o perigo incrustado nos enredos efêmeros

quando o corpo e o espírito submissos

descuidam da tessitura do veio,

fazendo com que a música se apague.

São fios de uma mesma meada

que tecem o começo e o fim,

em descompasso,

quando a alma não resiste

e sons emaranhados sopram o fogo

que torna o horizonte encharcado e escuro

como uma explosão nuclear.

Sentimentos perdidos, anseios quebrados,

por que regressam? Estavam tão bem guardados!

Basilina Pereira

Basilina Divina Pereira
Enviado por Basilina Divina Pereira em 22/09/2008
Código do texto: T1191698