CAMUFLAGEM
CAMUFLAGEM
Não sei se a dor chegou com a tarde
ou com o vento
que balançou as cortinas do tempo
e fez voar a poeira que parecia dormente,
camuflada entre os lapsos de silêncio.
Ou talvez ela tenha voltado pra espantar o limbo
que vivia a escoltar meus pensamentos
perdidos entre o resto de memória.
O tempo é traiçoeiro.
Se por um lado ele eterniza momentos
desafiando o muro dos séculos,
há o perigo incrustado nos enredos efêmeros
quando o corpo e o espírito submissos
descuidam da tessitura do veio,
fazendo com que a música se apague.
São fios de uma mesma meada
que tecem o começo e o fim,
em descompasso,
quando a alma não resiste
e sons emaranhados sopram o fogo
que torna o horizonte encharcado e escuro
como uma explosão nuclear.
Sentimentos perdidos, anseios quebrados,
por que regressam? Estavam tão bem guardados!
Basilina Pereira