Quando acordas em meu olhar
No lento esmaecer da aurora
O amanhecer escreve versos
Despertando a poesia de mais um dia
À volta de todos os silêncios
A tua falta atravessa-me o olhar
Punge a saudade em gestos ardentes
Acordando imagens e anseios
Minhas mãos espalmam-se
Na certeza indelével de tocar-te
Como se galgassem o sonho
E vencessem a realidade
Que se guardou em esperas
Nada é perdido
Se me encontra a saudade,
O sonho e todos os desejos
Um suspiro escapa-me das mãos
Flagrando a lassidão do corpo
Que se despe em sedas de sedução
Perdido de amor em tua ausência
E revela-te o inevitável
Quando se pronuncia em silêncios ou palavras
Confessando os meus segredos e mistérios
Apenas na insinuação do beijo
E tudo é precipício, abismo, desatino
Se te deito em meu olhar...
© Fernanda Guimarães