DO OLIMPO AO PELOURINHO

Hermes trouxe a notícia !

A sentença foi decretada

Provocaram a ira de Zeus

Por causa de uma mulher amada

Dioniso, seu filho, enlouqueceu

Despiu-se das vestes de deus

E assim como Prometeu

Que deu o fogo para homens

Abandonou Ariadne no Olimpo

E em meio a sátiros, ninfas, bacantes

Amou como nunca dantes

Essa mulher perdição.

A sentença vai ser cumprida

Dioniso endoideceu !

Convoquem depressa Morfeu

E Géia, a dona da vida

Expulsem os dois deste mundo

Os coloquem num sono profundo

Juntos como queriam

Ébrios de vinho e de amor

E, que somente milênios depois

Se livrem desse torpor

MILÊNIOS DEPOIS :

Êpa babá !

O chefe supremo da corte celestial

O pai, o rei Oxalá

Aquele que afasta todo o mal

Se compadece do "fio" e da "fia"

Que estão num sono de um "trabáio feito"

E agora vai ser desfeito.

- Aqui nesta terra eu mando

Aqui não é Grécia, é Bahia

Eu quero esses dois sambando

Até o raiar do dia

Nas cordas de um afoxé

- Saravá !

E assim renascem os amantes

Na terra de Salvador

Agora não são mais bacantes

Filhos de Gandhi e turbantes

Carnaval, cerveja e suor

Ele agora semi-deus

Ela agora semi-nua

Gemem debaixo da lua

Na praia de Amaralina

Ou será mesmo em Ondina?

Uma odisséia de amor !

Esta história real

Forjada em metal de Ogum

Começa neste momento

Passeia no dengo de Oxum

Termina em Iemanjá sensual

Saravá !

Mizifio ainda tem

"muita histora prá contá"