A Fúria do Amor!
A nau silente desliza até o Porto,
Este acolhe rapidamente, vamos logo!
Ventos que brandem do mar bravio
Velas recolhidas, amarras a postos,
No desembarque gritante um rasgo,
Trovões pedem rapidez & silêncio,
O céu enegrecido avisa com seus ventos
Que a tempestade não tem tamanho,
O rugido ao longe, estremece o bravo,
E solta todas as angústias dos covardes,
Em cada quina um parapeito urra,
O balanço vociferante do ar
Tempo de desafrouxar as vestes,
De bem comer & beber, dormir ou rezar,
Não importa de qual limbo,
Mas todos os demônios parecem soltos,
E os rogos devem vir do fundo da alma,
Turbilhões na noturna via, escopos,
O calor da labareda que arrefece,
A hora sem pressa de seguir,
Martela alguns medos & lamentos,
O instante de calmaria que precede
Travessuras de algodão por todos os lados,
Alguma coisa distante ainda no olhar,
Café & rum para aquecer, lascas de fumaça,
É no cair da noite que virá...
Janelas vão se cerrando vagarosamente,
Troadas encurtam a distância do universo,
“Enquanto a luz cintilante do dia
Dá lugar à bruxuleante noite,
Através das fendas, olhares a guardar,
Seres inquietos na ataráxia noturna,
A espera de um novo alvorecer...*”.
Entrelaçados pelo labor do mar,
Toda a crosta geme arredia,
A úmida serração que sufoca o ar,
Pálida, a tez tripudia o marasmo,
Velhas cantigas para acalmar o espírito,
Incensos depurando gestos & conflitos
Sabores trocados, essências matutinas...
Espera-se uma branda brisa, espera-se...
Para aquele que navega pelo vasto mar
Todos as rotas do bom da vida
O olhar sutil sobre a Ilha
Todos os afagos em um Porto seguro
Algumas flores vão para o Jardim
Outras o tempo passará adiante!
Peixão89
* participação especial da Thyz.