A velhice é um rompimento
do compromisso
entre a alma e o corpo,
divórcio adiado.
Às vezes adormeço quieta
na juventude tão certa...
De noite algo transcendente acontece:
Acordo nas garras de mil anos
que me carregam os ossos.
Enquanto os olhos lentamente despertam,
peço encarecida aos nervos
que me reconheçam,
me sustentem e reunam.
Geralmente sinto-me menina,
como pareço.
Passo largas horas brincando,
esquecida de quanto sou breve.
Procuro
ir aprendendo à revelia dos mestres,
das primaveras, das chuvas.
Reconheço que é raro
medir-me e saber-me na idade
que, dizem, tenho
embora seja estranho;
porque de atingi-la e vivê-la,
em coeerência com a minha poesia,
é das acções que mais prezo.