COMEÇO E FIM
Na absurda violência
Entre o começo e o fim
A vida e a morte,
a realidade transformou-me.
Meus olhos parados no vazio
outrora,belos e brilhantes,
agora,perdeu o brilho
e tem por moldura as pálpebras
pesadas e enrugadas.
A pele seca e flácida
ganha pintas escuras
que enfeiam o corpo.
O corpo pesado e lento
não pode,nem sabe aonde ir,
nada mais prende-me a nada
quando amanhã terei o corpo morto
E por repugnância,a carne apodrecida.
Mas...quem vai embora ?
São meus olhos,não o meu olhar
É minha boca,não o meu falar
Quem vai embora é meu corpo
não minha memória
Sendo una,permanecerei
na lembrança do pós-morte
No alegre sorriso,no tom da minha voz
Nas idéias-aquilo que sou eu
No modo único de ser
Sou o que me habito e vivo
Até um dia quando morrer.
Alzira Paiva Tavares
Tamandaré 16/09/08