Despertar divino
Acorda hoje um deus,
que outrora esteve morto.
Levanta do chão de joio e pastilhas coloridas.
Há um brilho inconstante e doentio;
existe um tempo absoluto enquanto se faz presente sua força
que é bruta e visceral.
Procura homens e vidas,
para que sejam salvas das religiões
e dos partidos políticos.
Tem o poder de mudar o mundo,
mas o reconstrói com seus desígnios alucinógenos.
Ele pode destruir
e construir outros mundos,
mas é adepto do "Green peace"
e, por isso,
recicla.
Quem será esse deus?
É filho de demônios,
ou peçonha de nossos sonhos?
O que é esse ser,
essa força que ergue-se de maneira viril,
como o pênis de um virgem em sua primeira transa?
Queima nossos olhos,
queima meus olhos com sua luz entorpecente.
Pareço entender,
pareço sentir e ver o que é.
Sim. É deus.
É um deus anômalo,
é como Morfeu...
Não esteve morto;
à espreita.
É como uma serpente
a dançar tangos e valsas macabras.
Dói, é claro,
mas é necessário à vida.
É, apenas, um instante de febre.
É o excesso,
o uso
e o desassossego;
uma pequena overdose.