VERSOS PARA A VIDA APÓS A MORTE
Vida, vida...
Ah vida!
Como tu eras bela e formosa,
nasceras em berço de espinhos,
viveras em meio as pedras,
mesmo sendo filha de rosas.
Eras o puro encanto da magia,
quanta e doce nostalgia
tu me trazes no momento de agora.
Vivi-te vida, cada pedacinho,
mas quanto irônico é o tempo
e traiçoeiro é o destino,
passando por trás das cortinas
dos grandes olhos daquele menino,
correndo contra o vento,
indo em busca das colinas,
para subir e sonhar na imensidão,
construir castelos de nuvens
e fazer do céu um universo
com estrelas de algodão.
Vida, ainda me lembro
do prazer que me destes
ao florir a adolescência
e romper os laços da infância,
para não muito tarde rebeldiar
nos mares da juventude,
descobrir a insuportável dor da carência
e o multiplicar infrutífero da ignorância.
Eras tu vida, que passavas
meio as ilusões do mundo,
transformando-me em moribundo,
conduzindo-me ao fim da estrada,
desta pequena mas significante jornada
que eras tu, vida que eu tanto amava.
Amei-te vida, loucamente como um girassol
hipnotizado pelos raios de sol,
sorrindo ao amanhecer
e chorando ao entardecer.
Tu foste o meu sol
me fizeste sorrir na infância
para não muito tarde chorar no envelhecer.
Ao te ver passando pelo tempo
não percebia o quanto eras valiosa
e por ser tão valiosa acabarias um dia,
dia este que chegaria quando menos esperasse...
Hoje, estou aqui
neste vale de escuridão,
rumo a terras do nada,
em noites de agonias,
onde todos hão de passar um dia
e verão que estes tristes versos de poesia
não são mais que uma acalanto,
para acalmar o verdadeiro pranto
e saber que mais vale a calma
ao perder a vida e viver a alma
que perder a alma ao viver a vida.
E tu vida
Acabas ao contrário como começas.
Quando começas choramos e fazemos sorrir
e quando acabas sorrimos e fazemos chorar.
Mas é nesta hora
que entregamos a eternidade
as boas ações que fizemos na terra,
ao vivermos do amor e da caridade
deixando de lado a hipocrisia e a guerra.
Vida, é neste momento de tristeza errante,
que invade o espirito e o torna infante,
que gostaria de novamente poder vivê-la,
não para somente saber amá-la,
Mas também, vida, preparar-me para saber perdê-la.
É assim que exalto este DOM DIVINO
onde todos têm a mesma sorte,
é preciso saber viver a vida
para não entendê-la só após a MORTE.