A FLOR
A flor que ao jardineiro foge e rola,
Tocada aos sete ventos, pelos ares,
Não volta nunca mais – nem por esmola –
Ao antigo jardim de seus pesares!
Vai adornar os ricos vasos de ouro
Em destaque nos reinos da amplidão.
Do céu será o mais lírico tesouro
Com seu perfume e nobre coração.
Adeus formosa flor dos meus altares,
Cantada em prosa e verso a vida inteira!
Mas, que importa se a mim causa penares,
Se minha vida é curta e passageira?
Quanto mais bela a flor mais desejada,
Cultivá-la querer... É só ilusão!
Pois, é efêmera, doce e delicada,
Some ao vento e nos deixa a solidão.
Não nos veremos mais formosa flor!
É preciosa demais – ó majestade! –
Vá, mas nos deixe se possível for,
Ao menos o perfume da saudade!...