Asas de marfim
Asas de marfim em geleiras de noite só,
clama por ares em sol que aqueça,
alma que almeja desatar o nó
para que a vida em novo dia amanheça.
Chora o orvalho a ausência da seiva
registrando a morte que em solo vegeta,
sepulcro de um corpo que na sombra se deita
sem sonhos, acorrentado, entre dores se oferta.
Zéfiro a rir-se de suas asas de marfim
descrente e derrotada é uma ave só,
corpo fisgado encontrando seu fim
no último canto ritmando em dó.