Se...
Se todo meu amor cabe em linhas
que formam uma página,
eu farei um poema cantando
aos quatro ventos o quanto te quero tanto.
Você que eu nem sei quem é realmente,
você que me visita os sonhos de repente,
você que adentra minha mente
sem pedir licença,
você que me rouba da real presença do amor.
De ser isso que enlaça os casais,
de ser encontros e abraços casuais.
Se todo meu sentir cabe nessa página
eu sou o próprio devaneio,
que passa de sosleio
por entre ventos e portas,
por entre medos,
por entre degredos.
Da saudade que eu não sei de quem,
o peito dói.
O coração aperta,
o olho não acerta
o reflexo da visão,
a mão não acha o apoio de outra mão,
a cabeça não encontra um ombro,
a carne não pede paixão.
Da distância a boca promulga assombro.
As almas foram parar num escombro
quando não se encontraram.
Se tudo cabe nessa folha,
o que mais sairá da vida?
De quando não te encontrei,
não me lembro não.
Não realizei...
Idealizei algo que jamais existiu,
assim um beijo partiu...
De quando te imaginei chegar,
dormi além da conta,
e não ouvi teus passos,
e nem era um conto de fadas,
posto que tu nem me tomaste nos braços,
e nem cingiu meu corpo ao teu,
e nem me acordaste do sono
e o tempo feneceu...
Se nessa página cabe o abandono,
o problema é todo meu.