Vivem os homens às Artes

Às artes, mais que aos homens, cabem

Respeito ao trabalhar-lhe e Amor no [fazer

Pois amor é necessário para se ter

E respeito é necessário com que se tem

Ela exige respeito

Pois possui leis próprias

Que até mesmo desconheço

Mas que, cego, obedeço

Ao tentar contar as histórias

Que lhes são de direito

Não tento fazê-la

Pois já está feito

Tudo aquilo outro

Que no mundo existe

Mas a idéia que persiste

É de transformar em ouro

Todo o bruto conceito

Que insiste em sê-la

Peço somente que me agracie

Que me ceda uma pouca infinitude

Própria, única e sua

Para poder dizer que me pertence

Aquela extensão que me cabe

Mesmo quando se sabe

Que, ao menos, pretende-se

Somente vê-la seminua

Sem minha interferência a amiúde

Para que alguém a aprecie

Dou a ela o que já tem

E que me retribui de bom grado

Pois o que me pede

Além de respeito,

É que em toda minha sede

Não seja eu desatinado

E só use as notas que convém.

Como todo o resto das coisas

Ela só faz questão daquela uma,

E se tudo busca harmonia

Porque então com ele haveria

De ser outra coisa importuna?

Seu equilíbrio então transmuta

No bailar de seus acordes

Baila a pena e a batuta

Vivem os homens à poesia e à música.

Gabriella Mendes
Enviado por Gabriella Mendes em 17/09/2008
Código do texto: T1181918
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