POEMA À AMAZÔNIA
Quando a rolinha canta na galhada
De meu arborizado e bom quintal,
Lembro-me com saudade amargurada
Da caça de rolinha em matagal.
A garotada alegre se reunia...
Estilingue na mão, pedra, bolinha,
E atrás dos passarinhos já corria...
A preferida sempre era a rolinha.
Era uma festa hedionda e tão malvada,
Mas não tinha qualquer outra saída,
Pois ninguém controlava a molecada
E a caça nunca fora proibida.
Os adultos caçavam no sertão:
Onça, porco do mato, paca e veado;
Jacutinga, macuco, uru, pavão...
Todos caçavam, desde o delegado.
Tempo cruel de guerra aos animais!
Quem matava bastante era um herói.
Esses tempos não voltam nunca mais.
A saudade é real, mas, como dói!
Os homens, hoje, são civilizados
Não matam os bichinhos... Sorte ingrata!
Só destroem e queimam desgraçados
Habitats e toda a pobre mata.
E da Amazônia desce o triste pranto,
Com árvores adustas indo ao chão.
E a desgraçada serra, por encanto,
Cobre, em gritos, qualquer reclamação.
Do palanque, onde estão esses senhores
Que nossos estilingues proibiram?
Enquanto a mata morre em tristes dores,
Têm medo das “carniças” que rugiram?
A Força Armada pode bem cumprir,
Da queima da Floresta, a PROIBIÇÃO...
Esse cruel e estúpido ferir
Da alma da pátria e do querido chão.
Ah! Levanta da tumba, Herói Caxias;
Pedro Segundo, volta desse exílio;
Vêm dar lição de brio e valentias...
A Amazônia ameaçada pede auxílio.