Mestre Onça

Foi na roda de Capoeira

Que fiz a besteira

De cutucar Mestre Onça.

O danado ficou irritado,

Com o meu novo gingado

Que mais parecia um bailado.

Jogava meu corpo pro lado

No mais refinado cuidado

Sem deixar o danado

Apresentar o seu verdadeiro recado.

Mais parecia um mostrengo obtuso,

Ao ver meu esperto parafuso.

E de tão confuso

Bateu no meu peito

Com o pé direito

Perdendo, todavia, o habitual respeito.

Caí, já com o peito sangrando,

Gritei logo que foi um mero engano.

Mas o bicho virou fera

Não quis saber de espera

Continuou batendo e batendo.

Peguei de um pau,

Nem vi que era um Berimbau

Botei em riste

Foi este o único palpite,

Que me veio naquele desgraçado momento.

Pensei cá comigo;

Ou eu pego o inimigo

Ou eu corro para um abrigo.

Mas quando dei por mim,

Estava no meio da roda.

Mestre Zulu, ao ver o ocorrido,

Na sabedoria de sua mandinga,

Gritou: “ta feito o Batismo”.

Essa foi a minha salvação.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 03/03/2006
Reeditado em 16/05/2012
Código do texto: T118034
Classificação de conteúdo: seguro