Mestre Onça
Foi na roda de Capoeira
Que fiz a besteira
De cutucar Mestre Onça.
O danado ficou irritado,
Com o meu novo gingado
Que mais parecia um bailado.
Jogava meu corpo pro lado
No mais refinado cuidado
Sem deixar o danado
Apresentar o seu verdadeiro recado.
Mais parecia um mostrengo obtuso,
Ao ver meu esperto parafuso.
E de tão confuso
Bateu no meu peito
Com o pé direito
Perdendo, todavia, o habitual respeito.
Caí, já com o peito sangrando,
Gritei logo que foi um mero engano.
Mas o bicho virou fera
Não quis saber de espera
Continuou batendo e batendo.
Peguei de um pau,
Nem vi que era um Berimbau
Botei em riste
Foi este o único palpite,
Que me veio naquele desgraçado momento.
Pensei cá comigo;
Ou eu pego o inimigo
Ou eu corro para um abrigo.
Mas quando dei por mim,
Estava no meio da roda.
Mestre Zulu, ao ver o ocorrido,
Na sabedoria de sua mandinga,
Gritou: “ta feito o Batismo”.
Essa foi a minha salvação.