XVI
Sou dos telhados de musgo
Onde os gatos espreitam os sois
As ilhas desenham batom nos vértices
E sereias emergem com os lábios de ferrugem
Esse roxo silêncio
Desprendendo as banduletes
Enquanto eu danço
Sobre corpos verdes
Já não tenho as pernas cosidas aos girassóis
E plano sobre palácios de fibra
Até me esbater na tela cromática
Pinta-me
Com arbustos desfiando-me os cabelos
E a textura de duas bocas secas
Apertando-me as saias de marfim
Estou deitada na cintura dos pesadelos
Vertendo conchas no semblante
Reata-me a carne
Pois tenho um pedaço de mar aberto
A soluçar-me no pescoço
Cláudia Borges
in Malmequeres os lábios molhados