XVI

Sou dos telhados de musgo

Onde os gatos espreitam os sois

As ilhas desenham batom nos vértices

E sereias emergem com os lábios de ferrugem

Esse roxo silêncio

Desprendendo as banduletes

Enquanto eu danço

Sobre corpos verdes

Já não tenho as pernas cosidas aos girassóis

E plano sobre palácios de fibra

Até me esbater na tela cromática

Pinta-me

Com arbustos desfiando-me os cabelos

E a textura de duas bocas secas

Apertando-me as saias de marfim

Estou deitada na cintura dos pesadelos

Vertendo conchas no semblante

Reata-me a carne

Pois tenho um pedaço de mar aberto

A soluçar-me no pescoço

Cláudia Borges

in Malmequeres os lábios molhados

Cláudia Borges
Enviado por Cláudia Borges em 15/09/2008
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