SEM AMENIDADES

 

Quem melhor sabe dos ares de deserto,
Dos ventos de poeira, os ghiblis?

A secura das mãos vazias,
A secura do coração decepcionado,
A secura dos pés cansados,
Rachados de tanto andar em círculos,

Ermos, a solidão na geba.

A secura de olhos, fixos,
Sem fluido de lágrimas nem esperas,

Turvos de tantos sonhos acumulados.
A secura e sulcos fundos nos lábios,
Incapazes de palavras afáveis e doces.


Sempre foi assim?
Até onde a vista alcançava,
Sempre foi assim.
A poeirama e os lamentos.
Os tuaregues habitando os pensamentos.
A criança que se envolvia nas rajadas do vento,
Que nele ouvia poesias.

 

A aridez do deserto desertou para a minh'alma.
A aspereza da vida assentou-se à minha porta.
Pó.
Só.

Vim do pó, a ele tornarei.
Evaporação de décadas em segundos.
Sozinha,
 Como vim.
Desertada.

 


foto: google
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 14/09/2008
Reeditado em 08/02/2015
Código do texto: T1178336
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