A CRISTALEIRA

Olho a cristaleira e suas prateleiras
com aquelas perfumosas toalhinhas,
 os panos bordados em alvo linho
sob as lindas louças de minha avó,
todas sem pó, bem arrumadinhas:
as xícaras ... o bule ... a cestinha ...
tão suaves e delicadas porcelanas
- com suas filigranas feitas à mão -
pura arte, de uma doçura à parte.

Ah, que saudade tão amorosa!

Há belas taças para o vinho
e o prato que sustenta o bolo,
decorado com tema de rosas.
Tudo isso - o cheiro adocicado
de alecrim, madeira e alfazema -
carrega o tempo numa reviravolta
e, a mim, então, trazendo de volta
minha lembrança mais serena,
a mais doce  ... a mais saudosa!!!


Silvia Regina Costa Lima
14 de Setembro de 2008










Dedico esse poema a todos, mas especialmente a Meriam, minha linda, porque sempre me diz algo doce e lírico, alma delicada,  e  porque deve ter tido uma avozinha assim para recordar, como todos nós...


meriam lazaro


Nessa cristaleira sedimentamos lembranças que nem o tempo vai cessar.

Móveis delicados, de madeira nobre cuja retirada ainda não agredia o ambiente, tempo de rendas de bilros, fábulas às crianças, fogão à lenha, mesa de tabuão, pão feito em casa que passava de mão em mão até ser substituído por um novo, talharim só era bom se fosse da bisa ou da vó.

Roupas no varal, crianças correndo (nós) sem saber de onde vinha tudo, pois tudo aparecia à nossa disposição e não era muito. Precisávamos de pouco para ser felizes. Qualquer lata de leite condensado e barbante virava telefone.


Querida, antes que eu escreva um livro de memórias, quero agradecer essa beleza que não sabia que estava aqui. Vim pela manhã e você não me disse nada depois, ou não recebi, caso tenha enviado pelo e-mail.

Não há quem não inunde os olhos de ondas de nostalgia diante dessa bela poesia. A Sunny também fez uma brincadeira comigo hoje. Haja coração. Inda bem que tomo os bloqueadores para arritmia.

Boa semana. Beijo na tua poesia linda, como aprendi a dizer com o Paulino (irmão de alma).

Meriam
14/09/2008 23:04
 


SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 14/09/2008
Reeditado em 09/08/2011
Código do texto: T1177466
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