VERSOS NO ESCURO
Sou a ida sem volta
A escolta do vil
Sou um vinho sem gosto
Um pescoço febril
Sou o erro do fraco
Um trago inocente
Sou um crente ateu
O deus incoerente
Sou a sombra, a calada
Uma cauda rasteira
Sou a beira e a coragem
A viagem matreira
Sou a peça pregada
Enfiada na mão
Sou o irmão do segredo
E o medo do não
Sou o vício do mau
A nau sem estribo
Sou a tribo primária
Uma pátria no lixo
Sou a virgem que atrai
O que trai e reclama
Sou a lama na cara
E a tara da dama
Um menino sem nome
Sou o homem do espelho
Sou um velho sem norte
Sou a morte que veio