Crônica Neológica

O poeta é um ser de absurdos:

além de carregar o mundo nas costas,

tem um rombo no peito e passa...

os dias envidraçando paisagem...

- Ah! Mas alguém vai ter que pagar

pela barriga do poeta.

- Eu sei cavalheiro! Não sou Drummond

nem Pessoa, todavia...

tenho lá minhas caras:

De mim a que chora não vale a pena.

A do riso é apenas disfarce

da segunda lágrima.

E tangente a face alumbra as marcas

da aflição.

E um astro-físico estuda o Sol,

Tira a prova dos nove mirando a Lua

e delira...

Ah! É tão estranho ficar falando

para alguém que não tem asas?

Em mim é possível verificar

menina-pássaro

e menino com estrela no bolso

esquerdo da camisa.

- Há alguém aí que tenha um anti-febril?

O termômetro confirma,

estou ardendo.

A febre teve origem em uma tarde

chuvolune.