QUERO QUE OS POEMAS QUE ESCREVO

Quero que os poemas que escrevo

sejam ungüentos

para aliviar sofrimentos.

Quero que os poemas que escrevo

sejam punhais

para sangrar ainda mais.

Quero que os poemas que escrevo

sejam provocações

para estimular reflexões.

Quero que os poemas que escrevo

sejam piadas

para extravasar em risadas.

Quero que os poemas que escrevo

sejam colírios

para aclarar os delírios.

Quero que os poemas que escrevo

sejam imorais

para incomodar os normais.

Quero que os poemas que escrevo

sejam sagrados

para converter os tarados.

Quero que os poemas que escrevo

sejam profanos

para irar os puritanos.

Quero que os poemas que escrevo

sejam reais

para que sonhem ainda mais.

Quero que os poemas que escrevo

sejam ilusão

para quem tem os pés no chão.

Quero que os poemas que escrevo

sejam imbecis

Para ter réplicas hostis.

Quero que os poemas que escrevo

sejam incultos

para aguardar os insultos.

Só NÃO quero que os poemas que escrevo

sejam miçangas

para leitores com cangas.

Só NÃO quero que os poemas que escrevo

sejam nichos

Para entupirem os lixos.