Ineficácia

Sacra, fria, algoz

Segue a pequena lâmina em seu caminho

Abafa e reprime toda a vida com sua voz

Perfura e mata o dono do último espinho

Triste, ávida, mortal

Rasga carne adentro o pequeno punhal

Consome o rubor da pétala sadia

Vinga dois de onde um antes havia

Rubra, lúcida, errante

Assim a descreveu o soturno vagante

Palavras regurgitadas, palavras perdidas

Reflexões foscas em estrofes vadias

Alva, alva, alva

Paixão do fraco, orgasmo do déspota

Diga-me à quem essa foi a última salva

Cai a rima, queima a língua...

Daniel Palatnik
Enviado por Daniel Palatnik em 02/03/2006
Código do texto: T117566