Ao menos um som
Ao menos um som se enche de abstratos,
Grandes suaves desejos num longínquo mundo
Mesmo céu todos os dias, exilado na escuridão
Sob paisagem fingida nasce um poeta
Além de sonhos, de suas figuras doidas,
O desespero atormenta nas noites abandonadas
Num papel branco a mão não obedece
Nem pousando mais vezes nesse ritual.
Ser dono de si é um silêncio ouvido,
Seu lugar que não seja a sua casa
Onde dance sem música num teatro insepulto
Nas fileiras das mágoas, dos tédios, das dores...
Sabendo-se que um coração é um partido
Luzindo no cansaço, e ainda viver
Que está em todos os lugares, o dia de hoje
Os que ouvem saberão dizer o que sente.