O Jovem Poeta

O jovem Poeta

fala pelos diferentes,

que com inesperada audácia

sangraram as Torres e a suja falácia

daqueles que se acham donos de gentes.

Terroristas, dirão.

Martíres, retrucarão.

Morreram tantos inocentes, dirão.

Morrem tantos inocentes, retrucarão.

Tese e Antítese, Síntese sem solução.

Mas o Poeta continua seu ofício

e sinto que viver não é um desperdício.

Foi bom ver-lhe a Chama

que às vezes ainda me chama.

Como um revezar da tocha

para outro puro Aliócha*.

Daqueles que empunham canetas vingadoras

na espera pelas lutas redentoras.

Sigo pacificado.

Muitos outros andam ao meu lado.

Ave jovem Poeta do caderno cinza.

* Personagem de Dostoiévsky, em "Irmãos Karamazov".