Duas Torres


Meus olhos seguem o avião,
... espatifado.
Meus olhos seguem o fogo,
... arregalados.
Meus olhos vitrificados
na tela,
... da televisão.

A imagem se torce, labaredas,
E bolas de fumaça se erguem.
Irrompem com o fogo da explosão,
Panos brancos acenam...
Rostos crispados imploram...
Uns se atiram, suplicam...
Ajuda, socorro e salvação!

Com os estilhaços das vidraças, 
Estraçalharam-se os corpos vivos,
Foram-se pra fenda abissal,
Soterrados nos escombros,
Despedaçados entre ruínas
Aço, ferro, cimento, retalhos,
Pó, tijolo, vidros, folhas,
E cacos, pelo chão.

Tristes sons ecoaram!
Apenas  um átimo depois,
Na minha mente viva,
Alastraram-se velozmente,
Estremeceram em meu peito.
Dos amigos, relembro.
Quiçá onde andarão?

Sinos repicaram tristemente!
Os ecos pro além dos céus
Acima das torres e dos tetos...
Vozes entrecortadas,
Ruídos de trepidação,
De ruínas,  de destruição,
De fogo e escuridão!

Evocativas lembranças,
Reminiscências contidas,
Meu ser melancólico palpita,
Cena dolorosa, nostálgica,
Que me choca e emociona.

Não é meu país, 
Nem mesmo meu lar.
É um lindo lugar... 
Por onde um dia passei.
É a mesma terra 
Donde habitamos...
É uma esquina do mundo,
O mesmo amado mundo,
A mesma causa: Paz!
Que, urgentemente irmanados,
Temos que batalhar!


                                         11/setembro/2001.
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                                                  Izabella Pavesi
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                                                   Imagem: internet