Ainda Temos Valor, Ainda Que Na Dor.
Se planto esforços,
colho o ramo ingrato.
E o que chega ao prato,
não valeu os destroços.
Acordo buscando alívio.
Durmo criando a paz,
mas nada mais te satisfaz,
suga a calma até o vazio.
Tento criar o momento,
crio mas só eu vejo.
De que vale esse desejo
sem seu agradecimento?
Pra quê passividade,
Cobrir dor com mansidão,
se venço a mágoa do coração
e nem assim vê a verdade?
Cruel é imaginar de mim,
que eu seja só uma nonada.
Valem todos à minha volta,
Mas pra você não valho nada.
Nem lágrimas a derramar,
Nem assim serei humano.
Se em pranto desabafar,
me achará fraco, insano.
Se forte eu for por um segundo,
guerra lhe parecerá.
Se não domino nem meu mundo,
como irei lhe dominar?
Não serei nada, então desisto.
Se nada mais vem e lhe apraz
Será então que se não existo,
alguma falta meu "eu" lhe faz?
Porque de um ditado nos valemos,
que fere a alma de tão tenaz:
'Só valorizamos o que temos
quando não o temos mais.'