Cárcere Mental
Hoje é mais um dia raro,
que parece tornar esta semana comum.
É muito raro,
como um diamante.
É um daqueles poucos dias em que o poeta entende a verdade.
Sendo assim,
tenta este homem de meias palavras
expressar-se através de versos confusos
e alucinógenos.
É quando o eu-lírico vai à Andrômeda.
É quando vislumbra os anéis de Saturno;
parece tocar a porta do paraíso
e sentir a força de Supernovas ao redor das pupilas.
Beija estrelas e fótons
num copular cósmico e astral:
“_ És, agora, homem, o Ser mais iluminado!”
Ouve a voz.
Será Deus sentado em sua soberba,
a pureza rósea e santificada?
Não responda, apenas ouça a mágica neste vácuo congelante!
Deleite-se com este momento.
Tem o poder.
Será o maior filósofo. A maior força.
Agora, você - ou eu (que nem eu mais sei quem é) -
pode ser, dizer e tudo saber.
Hoje você é Deus.
Por certo, é um dia raro.
Você é Deus
e, por isso, não pode explicar o que sente.
É o maior poeta,
mas é transcendente,
as estrofes não existem.
Só sua mente existe.
Existe esta verdade presa em você,
só por este momento.
E continuará presa.
Será sua
e isso te matará por hoje;
o fato de ter que se calar diante de visão tão bela.
Não chore por este leite que derramou,
é apenas a Via-láctea.
É uma vida rara.
É um ser raro.
É de todo alma, vícios
e vaidade;
É poeta e verdade.