Amor Virtual

Ela por ‘ele’

qualquer coisa sentia;

algo vago, impreciso,

como virtual paixão.

Ele por ‘ele’,

o fim pressentia

no lago gelado, indeciso,

o ritual da separação.

Ela por ‘ele’

presa na rede

fisgada se punha

a sonhar acordada

ao som de um teclado.

Ele por ‘ele’,

em defesa da sede

sentida, supunha

que melhor era o nada

a ser posto de lado.

Ela por ‘ele’

esperou um tempo imenso,

inacabado.

Ele por ‘ele’

demandou um e meio,

e em meio ao tormento,

tenso, acabado,

resolveu:

melhor deletá-lo!

Ela por ‘ele’

ainda sítios visita

e se pergunta

— em qual ele habita?

— que rato o comeu?

‘Ele’ por ela

não mais cogita

e, na terra do nunca

que o delimita,

seu ícone desapareceu.