Fogo fátuo

Como um fogo, estou ardendo,

mergulhado em emoções que não entendo,

que não desejo,

que nem sequer lamento.

Só sei, e bem não sei,

é que essa chama não tem nome,

nem história,

nem um quê de motivo.

É menor que a morte, mas é fome,

dor, desalento.

É, de mim mesmo, a escória,

que, como um fogo-fátuo,

surgido das minhas próprias entranhas,

permite-me a vida sem crivo,

sem propósito,

sem rumo,

se nem o calor desse fogo eu tenho.