PERDIDOS

O que quero de mim, tão mudo,

Tão surdo que nem ouço a própria voz ?

Perco-me em nada mesmo que tudo

Tenha ou pretenda quando estou a sós.

Quando estou comigo, não me importa o mundo,

Nem ele se importa co’a minha dor atroz,

Já que não ouve o meu gemer profundo,

Nem eu lhe posso escutar a voz.

Duas vãs filosofias, cheias de vazio,

Naturezas mortas, sem princípio e fim:

O mundo se perde em seu próprio frio,

Enquanto eu me perco dentro de mim.

mreno
Enviado por mreno em 17/04/2005
Código do texto: T11690