PERDIDOS
O que quero de mim, tão mudo,
Tão surdo que nem ouço a própria voz ?
Perco-me em nada mesmo que tudo
Tenha ou pretenda quando estou a sós.
Quando estou comigo, não me importa o mundo,
Nem ele se importa co’a minha dor atroz,
Já que não ouve o meu gemer profundo,
Nem eu lhe posso escutar a voz.
Duas vãs filosofias, cheias de vazio,
Naturezas mortas, sem princípio e fim:
O mundo se perde em seu próprio frio,
Enquanto eu me perco dentro de mim.