Perdidos no Espaço
Perdidos no Espaço
A Irvin Allen, Jonathan Harris e Bob May.
-“Perigo! Perigo!” - “Oh céus!”
Vagando pelo espaço à toa,
Vou de planeta em planeta
Enfrentando como um incréu
Hordas de alienígenas! Voa
Meu chapéu à cauda dum cometa!
Oh! Um ciclope me persegue!
Terremotos, maremotos,
Vindos da quinta dimensão
Invasores! Que não me peguem
Meu cérebro já meio ignoto
Prum controle de televisão!
Eis que encontro, também perdido,
Porém feliz, Jimmy Hapgood!
Eis que sofro um ataque de plantas
Monstruosas! E convido
Um colecionador rude,
A mostrar criaturas! São tantas!...
O espírito de Thaddeus busca-me
Pegar!...Robby, da MGM
Briga com o Robot B9!
Sou agora um rei! Coroa-me!
Pois só um rei que tanto geme,
É um mártir que não comove!
No que toco vira platina,
Mas num planeta obscuro
De nada vale tal poder...
Volto como um velho, ó sina,
Da Sexta Dimensão! Arcturo!
Que diz tolices por saber!
Athena, tão verde, me ilude,
Me rouba o raro combustível!
Num planeta fantasma viro
Escravo de robôs! Que pude
Fazer? Sou um poeta sensível
Na pele dum tolo vampiro!
Bebo u’a poção de explosivos
Que me deu um eremita louco!
Diverte-me o circo do espaço!...
Julgado em tribunal, cativo,
Das galáxias não sou por pouco
Exilado! Mas se o que faço
Por culpado, também me inspiro
Na figurinha dum tal Smith!...
Zumdish me vende u’a falsa musa
E se poeta, me falta o giro
Coeso das idéias! Recite
Meus versos de lira confusa!...
Em Gamma 6, sou desafiado
A lutar co’um anão! Vencido,
Ultrajado, sem forças, sou
Por um vil ladrão seqüestrado
Que julga que eu tenho sabido
Se a princesa do espaço voou...
Descubro um primo alienígena,
Membro da máfia intergaláctica!
“Oh! Céus! Oh! Vida!” Sofro tanto!
A Oeste de Marte, sou um terrígena
Da gangue da cara antipática!...
Quase morro como os santos!...
Se minha lira agora toco,
Sou transportado ao inferno!
Vem um monstro do pesadelo
Roubar-me as emoções aos poucos,
Vilão dourado se faz terno
E um sapo cururu é belo!
Um cavaleiro espacial busca
Um feroz dragão fugitivo!
Porém, o herói é um mentiroso!...
E o dragão: musa da rebusca
Barroca em meus cantos lascivos!...
Eu, apenas um vate ardiloso!
Sou preso por um fabricante
De mil brinquedos siderais!
Palhaço exposto na vitrine
Da grande loja aliciante
Das ilusões espaciais...
Sou só um ser que se abomine?!...
Põe-me um pirata galático
A bordo dum notável barco
À procura dum vil corsário!
Roubo de Thor, um deus fantástico,
O martelo real e um arco...
Fujo do duelo para o armário!
Numa caverna sou um alien!
Tenho a chave dum grã-tesouro!
Escondo Vedra, musa-andróide,
No meu quarto, ela me faz bem!
Um robô-lixeiro, por desdouro,
Guarda meus poemas em tablóides...
Na prisão inter-sideral,
Inicio a fuga dos monstros!
O Ataque dos Homens-relógio
Aprisiona o tempo e elide mal
A forma! Então eu demonstro
A J-5, Zaybo, o poder alógio!
Saboreio frutas explosivas,
Vejo pássaros invisíveis...
Um monumento ao Robô!
U’a cópia da nave à deriva!...
Criaturas da névoa incríveis
Causam-me medo e pavor!...
Farnum B. está à minha caça,
Para expor-me num zoológico
Espacial! Mas eu sou um hippie
Do Universo, e tudo o que eu faça
É pela revolução do ilógico
Amor às canções da desgraça....
Zumdish me propõe um negócio,
Transformar o Júpiter 2
Num bom modelo de resort...
Mas dou refúgio e até ócio
À princesa do gelo, pois,
E ao mercador do tempo e da sorte!...
Sou culpado de colher a flor
Que não devia! Perdi a rota
Que me devolvia à Mãe-Terra!
Perdido no espaço a compor
Canções de cômicas derrotas!
De ser inútil à paz e à guerra!