Quando Eu Lançar Meu Livro

Quando Eu Lançar Meu Livro

...Eu estarei muito bem vestido,

Talvez de terno, fraque, gravata-borboleta

Com a barba e o cabelo bem feitos

E uns sapatos lustrosos, comprados especialmente para a ocasião.

Na noite de autógrafos eu quero ver todos os meus amigos

E num canto escondido, meio desamparado, um quase-sorrir

Pouco maleável de antigos inimigos.

Perto deles, sempre sociável (como pude ver no velório de seu próprio irmão quando eu era criança), o meu pai-postiço, embora tenha me gerado,

Com aquela velha camisa de listras claras, a barriga saliente

E óculos tão fortes que seguram até lágrimas.

Mas, como eu ia dizendo, meus amigos estarão todos por lá

Com a sobriedade que os anos lhe concederam somado – graças a Deus –

Às risadas de meninos e os olhos sempre atentos, ansiosos por me prestigiar.

Eu vejo meus cunhados, meus irmãos

- nossa Mãe sorrindo no céu -, minha filha linda

Nos braços azuis do amor da minha vida.

Que venham a mídia, os críticos, a imprensa!

Não serei eu mártir de um futuro ou rubrica de escritor contemporâneo

Não publicarei Best-Sellers, mas não serei infamado

O romance da minha história está disposto em versos

Tão simples e dedicados (delicados)

Que neles se enxergarão os que me admiram,

Arrepiar-se-ão os que me invejam;

Porque matarei de amor os incuráveis,

Clamando as palavras que lhes faltam à garganta

Embalarei o sono de mulheres e crianças

Sossegarei o peito dos homens saturados do dia-a-dia

Trago o sentimento do mundo,

Contido o meu, sem presunção.

Quando eu lançar meu livro,

Minha poesia será minha redenção...

Elmer Giuliano (8 de setembro de 2008).

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 08/09/2008
Reeditado em 09/09/2008
Código do texto: T1167422
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