Mão
Mão
PANCHO GUEVARA
No anonimato
das horas cansadas
se escondeu minha mão
e já não voltou e as vezes já penso
que a estranho
de súbito me parece
que a visse, lá ao longe
vir-la caminhando
com suas unhas, seus dedos
como se me voltasse já
arrependida e
me trouxesse um mindinho, de presente…
Ah! Se ela fosse, se fosse…
minha mão
minha doce terna mão
de acariciar rumiantes
minha suave mansa mão
que chamava a cadela
e cumprimentava humanos
¿Aonde haverá ido?
¿Onde estarão agora
suas últimas falanges?
suas dobras, suas pegadas
digitais, e belos e seu
estralar de dedos alongados
¿E se já não voltasse?
Me disseram há algumas noites
os pés dos vizinhos que
a viram
que andava pelas ruas tomada
¡de outra mão!
me disseram e
eu no creio, ainda que
seja possivel
que fosse, essa minha mão
minha antiga morna mão
que se dava a jogar
pedra, papel e tesoura
de pequena, com meu irmão
aquela minha mão, que hoje eu recordo
distante apontando
as estrelas
aquela…
minha hábil mão que escrevia
cartas de amor, e desenhava
corações flechados quando manorava
com alguma ou outra mão
essa,
minha mão
a mesma que se dava gostosa a
Crisita, o
tocante bate papo que se dá
entre tetas e mãos, e a massagem
e a todas esas coisas que se dava
como só podia dar-se uma vez uma mão.