Os Bêbados - José malhoa
BOÊMIA
Tanto tempo eu não te via
que quedei-me estarrrecida
ao deparar-me contigo.
Essa face emaciada
tem o tom das madrugadas
passada nos lupanares,
e os teus olhos, sem brilho,
carregam a marca das sombras,
das noites insones, das rondas,
infecundas e mentirosas.
Penalizada eu me assusto,
repugnada eu me calo.
Escolheste! Não reclama!
Cada um tem o direito
de viver como lhe apraz.
Te sejam leves as feridas
obtidas na corrida
que leva ao fundo do poço.
Esse poço insondável e escuro
que devora e consome - maldito,
surdo e mudo ao clamor dos teus gritos...
e do qual não se sai nunca mais.
BOÊMIA
Tanto tempo eu não te via
que quedei-me estarrrecida
ao deparar-me contigo.
Essa face emaciada
tem o tom das madrugadas
passada nos lupanares,
e os teus olhos, sem brilho,
carregam a marca das sombras,
das noites insones, das rondas,
infecundas e mentirosas.
Penalizada eu me assusto,
repugnada eu me calo.
Escolheste! Não reclama!
Cada um tem o direito
de viver como lhe apraz.
Te sejam leves as feridas
obtidas na corrida
que leva ao fundo do poço.
Esse poço insondável e escuro
que devora e consome - maldito,
surdo e mudo ao clamor dos teus gritos...
e do qual não se sai nunca mais.