Vim confessar minha amargura:
queria fazer uns versos
que epinassem pipas
e contassem estrelas;

que servissem de consolo
e desfolhassem desesperos;
que fossem uma overdose de plumas 
e ternura
aplacassem tua ira e ressucitassem
tuas manhãs;

Meu poema,amigo,é rijo
e maledicente
não canta como sabiás
nem tem luminosidade,
é aguado e mordaz
não tem lírios nem galos
anunciando alvorecer.

Perdoa-me por esse poema
raquítico,assombrado,acuado,
e sem arco-íris,
embriagado de solidão e dor
que tece o medo,borda agonia
e me consome de silêncio,frio
e desolação .