Reinfância
Reinfância
Meus sonhos d´infância miravam tão alto...
Mas foram miragem. Por isso m´espanta
Que deles recorde, apesar da distância
Da curva sem volta que, então, nos afasta
Há algo em minh´alma que a eles se prende
E, sob minha face, imutável, s´esconde
Chorando, mais triste qu´esteja tão longe
Do que dita a vida, a que nunca se rende
Será não mudei e seria um menino
Fremindo medroso sob este disfarce
Que foge da vida, onde passa dormindo
Silente pedindo por seu desenlace?
Sonhando que um dia, tão logo ela passe
Ao caos sobrevenha, tranqüila, a verdade
Da vida e que eu, finalmente, a abrace
Unindo-me sonhos e realidade?
Pois sempre que flagro a presença d´um sonho
Percebo, nos olhos, falar a criança
E, neste momento, o adulto descansa
Do peso do mundo: este fardo medonho
D.S.