Anoitecendo
Lá no céu se perde a lua
como uma adaga fina, recurvada,
e eu em teus braços, sôfrega e nua
vou ensandecida, perpassando a madrugada.
Quando partires à aurora já chegada,
quero despumar esses momentos ternos,
desterrar da alma todos meus invernos
e esperar anoitecer férvida, esbraseada.
Vou te venerar, sou tua Vênus desposada,
tens em mim o melhor colo; que me tomes
como se fora enrolada, qual serpente,
ou como fera que enterra os dentes
numa carne tenra; sou tua gazela, vês?
Vem me devorar, o anoitecer é de repente...
Golbery Chaplin