Puta que Pariu

Algo nascerá agora.

Não sei de que se trata,

mas sei que já existe o embrião

proveniente da concepção promíscua de corpos malditos e mentes entrelaçadas em uma única viagem.

Salvemos nossos olhos do feto horrendo e abortado por nossas verdades.

Mintamos para as crianças filhas do Deus invisível;

Papai Noel não virá neste natal

e o vinho será seco.

Algo vive morto em meus pensamentos.

Alguém chamou-me a atenção,

mas não quis eu atender a um chamado do amor romancista.

Sinto um vento cortante entre sons alucinógenos.

Sinto a hora de parar,

ainda que minhas mãos não queiram.

Estou preso pelo embriagar de poetas malditos

e viajando em meu mundo irreal

criado pela música clássica.

Quero morrer amanhã

enquanto desperdiço este hoje.

Hoje:

Mais um dia perdido com meus vícios.

Faço idéia do que nasce;

é algo duro e ríspido.

É o amor que viveu em mim durante tanto tempo.

É um amor diferente,

é dolorido e cinza

e está doente.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 06/09/2008
Reeditado em 26/11/2008
Código do texto: T1164774
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