Tempestade

Meu olhar se encontrava perdido, sem foco

E meu pensamento, vagava na esperança de boas lembranças

Que nunca viam, descolorido meu dia, parco, sombrio.

Um céu tão lindo...

Mas a tempestade no meu interior

Priva-me a visão do espetáculo de vida

Triste, me sentindo meio perdida, sofrida...

Então o sol sorriu para mim!

E seu calor me envolveu num abraço morno, aconchegante.

Depois da tempestade sempre vêem a bonança

E a minha, veio acompanhada de um sorriso lindo!

Um cavalheiro de luz, um Apolo encantado

Veloz, inesperado, gentilmente desconcertante,

E ao mesmo tempo tão explícito no seu olhar de verdades

Vontade expressa, lascívia exposta...

Devora-me com fala mansa... Minha bonança.

Paradoxal e único

Singular e plural no seu querer sem pretensão... Só tesão!

Uma nuança de luz, num horizonte nublado

Fatal...Meu bem, meu mal.

Conduzindo seu carro de fogo

Iluminou o ébano do meu coração

No instante me trouxe de volta o sorriso

Prisioneiro da tempestade de meus tormentos

Quando se vive numa estação invernal

Uma nuance de luz pode trazer Perséfone e a primavera

Quimera... O Andes sempre volta, impera, a espreita a espera.

Mas no instante do sonho

O árido da paisagem dá lugar às flores,

E faz brilhar um oásis num deserto sem cores...

Você foi um suave serenar em meu mundo

Mudança de estação temporária

Sentimentos temporão, ilusórios, pagãos... Paixão!

E tua presença ocupou todos os espaços

Me deixo levar no teu gentil compasso.

Embalada pelas ondas momentâneas de calmaria

Fui um barquinho a deriva, num mar morno e cheio de vida

Teu porto me pareceu seguro

Na minha tempestade de emoções.

Na tentativa de fugir do feitiço

Minha mente alerta, grita: __ Desperta!__

Mas selei os ouvidos ao canto das sereias,

Deixei-me envolver pelo Tristão surgido na areia

Antagônica figura, marcante, vibrante

Mas da minha realidade tão distante...

E ante a loucura do gesto, acato a ilusão

E dou vazão ao delírio de poder mergulhar nas profundezas daquele mar...

Sem guelrras para respirar... Suicido!

Meu momento, o lugar, o que me fez sonhar?

Responde meu corpo:__A necessidade de ser amada, amar...__

Indefesa me rendo a carência

E deixo-me abraçar por tua luxúria

Aflita, dividida, sinto tua boca a me calar as palavras

Teu hálito inebria, desarma... Acalma

E lânguida me entrego às sensações

De tua língua invadindo minha boca

E num rompante de um beijo roubado

Falta-me o chão, e me torno prisioneira da paixão

Mudou a minha vida essa sensação de êxtase e medo

Falta-me o fôlego, célere meu corpo arde de desejo...

Preciso respirar de novo, submersa tento emergir

Tarde demais para agir,

Já fui fundo demais, agora é morte certa

A angustia me oprime a alma

Tua lembrança me vêem de novo

E me rouba a paz, o sono...

E no silêncio da noite deixo meu lamento aflorar

Preciso buscar a paz do esquecimento

Limpar minha impureza nas águas do arrependimento

E só assim sentir meu corpo solitário mais purificado

De meu Deus obter o perdão

E ter a luz resplandecendo na escuridão...

Sentir o alívio do errado desfeito,

Será que tem jeito?

A vida tem muitos caminhos

Diversos são os atalhos

O teu leva a desilusão

Qual seguir? tenho que escolher...

Caminhar para longe de você

Ou perder minha paz e morrer!

Observadora
Enviado por Observadora em 06/09/2008
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