A cor da globalização
Um dia, quando abrires teu silêncio
ao meio-dia, tudo à volta estará
em gritaria de caos, em desordem de amor.
E sentirás o peso da fria e desolável
indeferença, enquanto observas
as pessoas, apressadas, em rituais
próprios que configuram desgraças
pessoais e intransferíveis.
É uma dor que lhe saltará aos olhos.
Vê-los presos e automaticamente repartidos,
na decadência particular de universos utópicos...
Salva-te!, é tempo!
Não se divida em homens-tarefas,
Nem em mulheres-afazeres, domesticais.
Talvez caminhemos em comum
na mesma predestinação monótona...
É preciso regressar.
Voltar do estorpor,
Daquilo que nos prende aos moldes
de cidadãos aparentemente modelos.
Fazer um filho, quem sabe...
Um poema, brilho de muitas faces...
Colorir uma dor, um tom, uma forma...
Reinventar a simetria das coisas
até torná-las pictórias e risíveis...
É uma bela atividade, embora crua.
E, descalços, brincar como meninos
que vivem à solta em pátios desabitados
por mundos edificáveis e autoritários...
A simplicidade do menino talvez
salvaria o Diretor da desgraça geral;
Mas nós continuamos, insistentes,
organizando maletas e despachos e protocolos e sedex.
Alimentamos nossa cólera interna,
com passos rápidos em direção
à destruição do que é global, genérico. Do mundo.
Quando muito, eu queria, tão só,
Um pião multifacetadamente colorido.
(Die)