Relicário

Esvaziou as caixas

Organizou tudo no apartamento

Faltava um único prego

Para o quadro antigo na sala

Tudo já posto em seu lugar

Novo lar

Mas havia algo que chegava

A doer nos sapatos

A caixa que mais lhe valia

Estava vazia também

Desejou que o azul voltasse cobrindo os dias

E que a caixa estivesse

Novamente

Repleta daquilo que não morre

Seu relicário de impossibilidades

Tão reais

Quanto à nudez

Da noite que se toca e lambe

Em gesto e carne

Talita Fernanda Sereia
Enviado por Talita Fernanda Sereia em 05/09/2008
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