MÁSCARAS
E não era Carnaval nem nada...
Em fantasia, vieste num clarão:
no teu rosto a máscara fixada
era a da enigmática Sedução.
A festa da vida ficou animada:
corpo e alma vibravam em queimor.
No teu rosto trazias estampada
a mágica máscara do Amor.
Num instante se fez escuro;
tua máscara vi em negrume.
Na face , o disfarce duro,
o clamor do inquietante Ciúme.
Tanto queixume a espelhar...
Uma reação feito confissão...
Através da máscara o olhar
insinua a vingativa Traição.
Palavra dita ou subtendida
agride, revela a obsessão.
E a máscara feia pendida
mostra a trágica Desilusão.
Passado o tempo e o sol-posto,
uma-a-uma as máscaras caídas,
percebo com muito desgosto:
debaixo delas não há qualquer rosto...
Lina Meirelles
Rio, 04.09.08